Turismo Sustentável e a história da Praia Spiagge Bianche, na Toscana



A Praia Spiagge Bianche, em Rosignano Marittimo, na província de Livorno, é a praia mais bela da Toscana, parece uma praia do Caribe, com areia branquinha e o mar azul turquesa. Porém a química desta beleza é artificial... 


Já ouviram falar em Turismo Sustentável?  Não?
Pois então nesta postagem, vamos entrar numa Ecotrip: um turismo com consciência ecológica e respeito envolvidos!

Muitas vezes pensamos em viajar como uma experiência enriquecedora, mas pouco atentamos aos efeitos do nosso comportamento no ambiente, não observamos os rastros que os viajantes deixam atrás de si em cada paraíso "perdido" onde põem seus pés. O turismo traz desenvolvimento econômico para seu país, sem dúvida, mas também quando feito de forma inconsciente pode gerar impactos ambientais negativos.

Numa época em que paramos para refletir sobre a ameaça do aquecimento global, o buraco na camada de ozônio, a água como recurso natural esgotável, os animais que estão em risco de extinção, a população do planeta que aumenta cada vez mais, e consequentemente o lixo que esta mesma produz, as catástrofes ambientais e o desmatamento feito de maneira irresponsável, o lixo químico e tóxico  lançado por muitas fábricas no oceano e nos rios, e também nossos transportes que emitem gases poluentes no ar que nós próprios respiramos, paramos também para pensar como deve ser nossa atitude perante a vida num novo mundo globalizado, onde sul e norte, leste e oeste do planeta estão cada vez mais próximos, interligados e conectados através das novas tecnologias, onde o que acontece num local pode influenciar rapidamente o curso natural das coisas no outro extremo desse mesmo planeta, como num efeito borboleta.

Claro que muitas vezes é difícil evitar pegar um avião para visitar algum lugar distante, mas se começarmos a pensar mais nas alternativas dos meios de transporte, se pensarmos em pequenas práticas do cotidiano que podem ser mudadas e que não causariam tanto impacto no nosso habitat, já é um primeiro passo para ajudar a socorrer nosso planeta e nossa própria vida e nos tornaríamos viajantes mais conscientes.

Pesquisando sobre esse tema da sustentabilidade, recolhi algumas dicas de comportamento que poderiam ser repensadas pelos turistas:

. Se for viajar dentro do próprio país, dar preferência ao ônibus, trem ou carro (nessa ordem de maior aliado do meio ambiente e de longas distâncias) ao invês de viajar de avião. A emissão de gases da aviação hoje corresponde a 5% do aquecimento global. O avião emite muito gás carbônico na atmosfera e gera toneladas de lixo dos viajantes.

Se você quiser ter uma idéia da quantidade de CO2 (gás carbônico) emitida numa de suas viagens aéreas, entre no site e preencha com a cidade de origem/ destino/ classe de vôo, e a página irá fazer o cálculo, clique aqui .


. Outro item importante a repensar, é na hora de querer planejar um cruzeiro turístico, que é um setor que cresce bastante ultimamente. Mas saiba que somente um desses enormes navios queima quantidades imensas de combustível; a emissão de Gás Carbônico de um navio de cruzeiro equivale a mais de 83 mil automóveis! Os transportes marítimos atingem 3% dos gases do aquecimento global.
Além disso podemos nos perguntar: para onde vai todo o lixo produzido pelos turistas dentro desses navios?...
Portanto, tente evitar alimentar este setor turístico.

. Ao visitar uma cidade e se locomover dentro dela, sem longas distâncias, prefira fazer caminhadas que é um ótimo exercício físico, ou alugar uma bicicleta; evite táxis e carros alugados, fazendo uso de transportes públicos como ônibus e metrô, dessa forma você terá menos problemas para encontrar estacionamento e será também mais amigável com o meio ambiente, além de desfrutar melhor a paisagem.

. Tentar usar uma garrafa reutilizável, se for num lugar onde você pode enchê-la com água filtrada ou da fonte. Há lugares que não é possível fazer isso, tendo que comprar guarrafas de plástico, mas se comprá-las, não as descarte no chão de qualquer esquina.

. Relacionado ao item anterior, e que parece óbvio, mas que muita gente esquece, pois se tornou um ato quase automático e inconsciente, é não jogar seu lixo nas ruas, nas praias, montanhas, nos pontos turísticos e parques naturais, não sujar a região que você está visitando. Se não houver lixeiras nas ruas, leve seu próprio lixo dentro da bolsa e o descarte na lixeira quando chegar ao local onde está hospedado. Acho que esse item é o mais fácil de se cumprir.

. Quando for às compras no mercado, rejeitar as sacolinhas de plástico e levar uma sacola de tecido ou uma mochila para carregar suas compras. Quanto menos produtos embalados em plástico você usar, será melhor para nosso habitat. Uma sacola plástica pode levar mais de 450 anos para se decompor, ou seja, quatro séculos e meio! Já pode imaginar o que acontece com todo esse lixo plástico acumulado?

E nem todo plástico pode ser reciclado...mas muitos podem sim! Por isso a importância de fazer uma separação do lixo reciclável em nossas casas e para isso é preciso uma reeducação da população nesse sentido, e orgãos públicos que dêem maiores informações sobre a coleta seletiva do lixo doméstico e que também contribuam na separação de todo esse lixo quando ele for recolhido.

. Procurar comprar souvenirs artesanais, feitos na própria região visitada, assim fomentando a economia local e valorizando seus produtos .

. Preferir fazer viagens a um só local e conhecê-lo melhor e mais profundamente, do que fazer pacotes turísticos visitando várias cidades em um curtíssimo espaço de tempo, usando com muita frequência os meios de transporte poluentes para se deslocar. Além disso tente ficar num hotel local, hostel ou pensão local em vez de se hospedar em resorts de redes internacionais que geram muito lixo de turistas, desperdiçam enormes quantidades de água e não ajudam tanto a economia local.

. Além de não desperdiçar água, não jogue fora a comida, transformando-a em lixo. Se não for comê-la, guarde-a para a próxima refeição ou dê para quem estiver passando fome.

. Reduzir a frequência com que se come carne vermelha, pois além das pastagens contribuirem para o desmatamento, a producão da carne utiliza muitíssima água, quando não se usa a água de chuva (estima-se 15 mil e 500 litros para cada kilo de carne) e além dessa produção ser cara, também polui o ambiente . Sabe-se que as flatulências do gado bovino criado para corte emitem muito gás metano na atmosfera, sendo responsável por 18% do aquecimento global..o que ainda não se sabe é se seria melhor ou se seria prejudicial para o ambiente parar de consumir esse gado... Na minha opinião,  o grande problema não é consumir carne de vez em quando, mas sim o excesso desse consumo.

. Não compactuar com o abuso a animais selvagens que estão em cativeiro, servindo de atração turística. Se notar que eles estão sendo maltratados, molestados e mal cuidados, não utilize esse serviço.

. Ser respeitoso com os costumes e tradiçoes do local, com as pessoas na hora de fotografá-las, e principalmente com as criancas da região.

E por aí vai a lista...com certeza ainda há muito mais coisas que podemos fazer durante uma viagem para respeitar e preservar o ambiente que visitamos e ajudar a população local, respeitando e preservando também a Terra em que vivemos. Esses itens servem para mim e para todos que adoram viajar e desejam pensar um pouco mais sobre essa paixão. E você tem alguma idéia do que poderia fazer para contribuir com o turismo sustentável?



Tempo ótimo, mar e céu azul


Depois de quase um quilômetro caminhando, chega-se à praia Spiagge Bianche. O visual é lindo...


Entrei no tema do turismo sustentável, porque também muitas vezes pode acontecer de visitarmos alguns lugares sem conhecer bem a sua história. Recordei-me da vez em que fomos espontaneamente, porque nos recomendaram, sem pesquisa ou planejamento prévio, a uma praia linda e limpa visualmente, considerada a pérola da Toscana, uma praia de mar azul turquesa e areia branca como as do Caribe.
Em muitas páginas da internet podemos ler pessoas indicando a praia Spiagge Bianche como um dos pontos mais lindos a conhecer, porém como nem tudo que reluz é ouro, também descobri outros artigos contando que o que dá essa maravilhosa cor à água da praia, são os dejetos químicos que a fábrica Solvey, que fica a 1km dela, despejava (ou despeja?) no mar, principalmente o bicabornato de sódio.


areia branca



 o Caribe da Toscana

Uma verdadeira desilusão...contrastando com a alegria da foto acima...Bem que se diz que os ignorantes são mais felizes...tem alguma dúvida disso? E há muitas pessoas que vão a essa praia sem saber da história. Mas com certeza, há ainda muitas outras praias com o mesmo problema, onde a vida marinha está ameaçada e onde nos banhamos alegremente sem saber o que acontece na água...

Não quero fazer propaganda contra este belo lugar, faço somente um alerta. Também devo dizer que a praia atualmente está liberada para o banho, imagino que não haja um alto grau de risco, pois dizem que a fábrica se comprometeu, em 2008, a despoluir a água, já que ela estava na lista das quinze mais poluídas. Mas vá-se lá saber se realmente foi feita essa despoluição e se pode-se tomar banho lá tranquilamente! Eu só indicaria essa praia para conhecê-la e tirar fotos, e se entrar no mar, fazer somente uma vez, eu não repetiria, nem consumiria os produtos dos restaurantes, dos vendedores ambulantes e nem dos hotéis das redondezas.

Para quem deseja fazer um turismo sustentável, melhor até tirar esta praia do roteiro. Achei uma grande irresponsabilidade pública que não haja nenhum aviso escrito nas placas, para que as pessoas possam decidir se querem ou não frequentar a praia Spiagge Bianche.


Placa na entrada da praia Spiagge Bianche


Enfim, se for possível, informe-se antes de viajar! E claro, aprenda com as experiências, porque viajar é enriquecedor!


Pesquisa de dados na seguinte fonte:  aqui


Quer ver mais da Toscana? Venha e clique aqui!






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