Passeio diurno na Medina, a Mesquita Koutoubia e a Cidade Nova Marrakech



Charretes na praça Jemaa el-Fna
                                                   


Vamos caminhar pela Medina da cidade vermelha à luz do dia, arrancar o véu do mistério para ver melhor seus detalhes e descobrir sua beleza e suas mazelas.

Quando viajamos para algum lugar pela primeira vez, tudo é interessante aos nossos olhos de lince curiosos, perscrutamos e registramos os menores detalhes, que passariam despercebidos se já vivêssemos nesse lugar e se a rotina nos tornasse meio míopes e tornasse banais as idiossincrasias.

O olhar de viajante faz despertar uma visão nova em nós e de nós mesmos, bem distinta da realidade em que estamos acostumados a viver. Entramos em contato com outras realidades existentes, outros comportamentos e tomamos mais consciência da nossa própria realidade e do mundo em que vivemos. Às vezes levamos um choque, para então só mais tarde colhermos o que há de bom e refletirmos sobre o que não nos agrada. Lembrando que o que não é bom para mim, talvez seja muito bom para o outro e vice-versa...

Mesmo sem compreender ou mesmo com dificuldades de aceitar, é fundamental aprender a respeitar as diferenças, sejam de cultura, de etnia, de religião, de orientação sexual etc. O que não vale é querer se impor ao outro por meio de violência psicológica ou física e cair na armadilha de achar que um povo ou uma cultura é melhor ou superior a outra...essa história sempre se repete, e há que se ter muito cuidado com ela.


Mas voltemos da divagação e vamos descobrir a cidade, pela manhã, pois a temperatura está mais agradável do que à tarde, quando fica muito mais quente e seco no verão, chegando a fazer 40 graus ou mais, e dificultando nosso raciocínio e atenção.
Pelas ruas vejo que há um bom policiamento e também um trânsito caótico, onde carros, ônibus, motos, bicicletas, carroças e charretes vão se desviando uns dos outros. Temos que ficar atentos ao atravessar a rua na faixa de pedestre.

Nosso ponto de partida é a praça principal Jemaa el-Fna; paramos perto do ponto de ônibus e atravessamos para o outro lado da rua, a sudoeste da praça, onde fica a maior mesquita da cidade, a Cutubia ou Koutoubia, ao final da Av. Mohamed V.


                          Do outro lado, em frente à praça Jemaa el-Fna, a mesquita Koutoubia




Ela é alta e imponente, e se sobressai entre as construções baixas da cidade, podendo ser vista de um local distante. É o monumento mais alto da cidade, com seu minarete de 69 m de altura. Vamos observá-la de vários ângulos e caminhar pelo seu pátio cheio de palmeiras.



Que pena que não possamos visitar seu interior, só é permitido para os muçulmanos do país. Cada lugar com suas regras e como somos visitantes, temos que respeitá-las, sem o "jeitinho brasileiro"...nada de colocar o véu e tentar se passar por marroquina, apesar de que não seria difícil para mim...
Pelo menos podemos usar roupas mais fresquinhas de verão e fazer exposição da figura na almedina, sem riscos. Para os turistas estrangeiros é comum andar assim, com roupas mais leves, porém sem exageros!

O nome Koutoubia, ou Cutubia, deriva do árabe al-koutoubiyyin, cujo significado é bibliotecário. O nome Koutoubia significa "a dos livreiros" porque no passado havia muitos souks de vendedores de livros e manuscritos ao redor da mesquita. Ela foi construída no estilo tradicional almóada (o califado almóada era uma potência religiosa berbere da quinta dinastia moura) e a torre é adornada com quatro globos de cobre.


Vamos voltar à praça principal, e lá já se encontram alguns encantadores de cobras e adestradores de macacos. Li e vi que quando eles flagram você tirando fotos deles, eles cobram algum dinheiro pela foto. Por isso é melhor tirar foto de longe, se não quiser pagar. Dizem que aqui tudo tem um preço, até quando se está perdido e se pede ajuda ou informação, mas não foi bem isso que eu vivenciei.

Pedimos informação várias vezes e até mesmo um senhor com seu filho pequeno nos guiou, quando estávamos meio perdidos dentro do labirinto de ruas estreitas da Medina. Foram bem simpáticos e não pediram nada em troca. Posso dizer que é mais uma lição que levo da viagem,  não se deve tomar por única verdade tudo o que se lê e o que se ouve, cada qual deve fazer sua própria experiência.

                                                  Algumas pessoas tirando foto com o cachecol de cobras. Que extravagância!


Perdendo-se e encontrando-se nos becos de coloração ocre ou terracota.
         


Entramos numa rua chamada Riad Zitouin El Kedim, com muitas lojinhas e bancadas; texturas, aromas e sabores. Aqui ninguém nos incomoda seguindo-nos e oferecendo-nos essa infinidade de mercadorias, mas às vezes algum vendedor nos aborda, solta alguma palavra e nos pergunta de onde somos, em várias línguas. Se pararmos para perguntar o preço de alguma mercadoria ou apenas olhá-la, daí então o comerciante tenta vendê-la com bastante insistência e negociá-la. Nunca se deve aceitar o primeiro preço.


Um senhor negociando na mercearia.
                                   


Uma loja de tecidos, lenços, véus ou hijab, roupas variadas modernas e também tradicionais, como o kaftan (túnica usada por mulheres) e o djellaba (túnica larga com ou sem capuz usada por homens e mulheres).
Gosto desse sorriso de alegria do senhor marroquino, sem disfarces, sem filtros.













                                                                           





     Numa Herboristerie, ou Herbário: ervas, raízes, incensos, cristais, especiarias, tintas naturais,  sabonetes, muitas fragrâncias e... use sua imaginação!


Cristal de eucalipto, que será fragmentado e vendido por gramas, como remédio natural, bom para fazer inalação. Nunca cheirei tantas ervas, líquidos e cristais...aromas deliciosos, mas depois não parei de espirrar...





Lojinhas de luminárias e lâmpadas, tapetes e tecidos, nos Souks e nas ruas.








Entramos nesta lojinha de calçados no Souk e um comerciante muito simpático falando várias línguas nos contou um pouco sobre suas andanças neste mundo. Atrás de nós estão suas babouches ou babuchas coloridas, que são sandálias tradicionais marroquinas, bem estilosas.






Do terraço Riad Omar, a vista da rua, dos transeuntes e do comérico. O restaurante do Riad Omar tem uma gastronomia típica com o delicioso tempero marroquino.


E do lado de dentro do Riad, a vista do pátio interior ajardinado com uma fonte no meio.


O Riad ou Ryad são casas ou palacetes tradicionais nas medinas de Marrocos. A palavra significa jardim em árabe e essas casas possuem um pátio interno com jardim, árvores plantadas e uma fonte no meio. Os Riads são fechados para o exterior, tendo seus quartos e salas abertos para o pátio interno e central, tal construção oferecia mais privacidade para as mulheres islâmicas, esposas e concubinas de um sultão. Sua arquitetura segue o modelo árabe-andaluz. Hoje em dia, muitos Riads funcionam como hotéis.


Uma dica importante que li em alguns lugares no Marrocos, é não beber água da torneira nem das belas fontes, pois não é água potável e pode causar dor de barriga. Por isso é melhor procurar bebê-la engarrafada, comprá-la num mercado ou restaurante. Fica a dica!



Seguindo com nossa caminhada, pedimos informação para um lugar e um rapaz nos levou para outro, num mercado artesanal berbere na Medina, que só abre nas quartas-feiras. O caminho era quase impossível de decorar por ter tantos becos sem fim, mas finalmente chegamos ao mercado, e visitamos essa loja com artigos artesanais de couro, feitos pelos berberes, com preços fixos e produtos de qualidade muito boa. O vendedor hospitaleiro não era tão insistente e nos deixou tirar uma foto sem reclamar ou pedir algo. Aliás, ninguém reclamou conosco quando tiramos fotos, nem pediram nada...

No caminho até o mercado também passamos por uma oficina de curtume, onde convertem a pele de animal em couro e preparam-no, mas lá não entramos. Uma rua onde pode-se visitar esses curtumes é a rua Bad Debbagh, mas lembre-se, se quiser bater fotos é melhor perguntar antes, pois os trabalhadores poderão pedir alguns trocados.


Loja berbere de artigos de couro



Depois de sair do mercado, vamos em busca da Medersa ou Madraça Ben Youssef, que é onde queremos ir. A Medersa é uma antiga escola islâmica onde antigamente era ensinado o Alcorão, data do séc. XIV e é anexa à mesquita de Ben Youssef. Hoje em dia essa escola não tem mais estudantes e está aberta só para a visitação. É muito famosa por sua arte e a beleza de sua obra arquitetônica.

 Fomos guiados por um senhor que desta vez nos ajudou a encontrá-la, porém não foi possível entrar porque está passando por obras de restauro. Com certeza ficará ainda mais linda que nas fotos e quem sabe uma próxima vez...



A Medersa Ali Ben Youssef


Logo ao lado está o Museu de Marrakech, que é um museu de arte e história de Marrocos, instalado no Palácio Mnebbi, antiga residência do Ministro da Defesa. O museu foi fundado em 1990 pelo mecenas Omar Benjelloun. Além de exposições, o museu também organiza outras atividades culturais, como concertos, teatro e dança.
Para quem desejar visitá-lo, fica na Place Ben Youssef e abre de 9 hr às 18hr30, todos os dias.

Museu de Marrakech

Se ainda tiver um tempinho e quiser ver a Casa da Fotografia, é só sair do Museu de Marrakech e andar até o fim da rua (no sentido oposto ao da praça Jemaa el Fna), virar à direita e caminhar mais ou menos uns cem metros. Do lado esquerdo da rua está a Maison de la Photographie. Passei pertinho, mas não tirei foto, que pena...



E ultrapassando as muralhas que cercam a Medina, vamos conhecer o lado moderno da cidade, num passeio de carruagem ou charrete puxada por cavalos, bem tranquilo e também romântico. O itinerário e a duração do passeio, você pode escolher. Também é possível fazer um passeio à noite.



Passamos pela cidade nova, no bairro Hivernage, circulando por suas ruas com palacetes, hotéis, restaurantes, muitas lojas de griffe, shoppings, cassino, casas, bares, redes de fast-food, parques, praças e o prédio da prefeitura.



A Prefeitura de Marrakech



O famoso e luxuoso hotel Mamounia


Es Saadi é um Hotel e Cassino





O famoso Hotel Sofitel



Parada para refrescar...


Nosso condutor sorri para a câmera, enquanto os cavalos estão matando a sede.




Tráfego tranquilo. A casa ao fundo é o Ensemble Artisanal Marrakech, ou seja, Centro Artesanal de Marraquexe, na Av. Mohamed V. É um lugar bom e tranquilo para quem quer fazer compras de produtos artesanais com preço fixo. Também há um pequeno Café no seu pátio, onde pode-se sentar, relaxar e tomar alguma coisa.

O Centro Artesanal fica aberto de 9hr30 até 19hrs. E domingo de 9hrs até 13hrs.



Algumas pessoas sentadas no bar, vendo o tempo na cidade passar...

Restaurante do Shopping Center Menara Mall, no bairro Hivernage.




A estação ferroviária de Marrakech, bonita.

Tem McDonald's? Claro que tem!


Anoitecendo na cidade nova.


A língua oficial de Marrocos é o árabe, mas muitas pessoas também se comunicam em francês. Podemos ver as placas escritas nos dois idiomas.



Muitas setas para várias direções. E agora, para onde vai? Você escolhe e até a volta!


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