O Palácio Bahia, em Marrakech



Fonte no riad pequeno do Palácio Bahia



Um dos pontos imperdíveis da cidade antiga de Marrakech, onde vamos curiosar pelo buraquinho da fechadura do passado, é o Palácio Bahia, que significa "palácio da bela, da brilhante".

Ele fica na parte sul da Medina e não é difícil encontrá-lo. Podemos ir caminhando da praça principal Jemaa el-Fna até o palácio e ir perguntando às pessoas na rua (adoro perguntar!). O palácio está localizado ao norte do Mellah, bairro judeu chamado de Hay Hessalam, que também é um local interessante a ser visitado.

No caminho, vemos outra praça chamada Place des Ferblantiers que fica no Mellah.
Observamos o  comércio, as pessoas circulando pelas ruas estreitas, ao mesmo tempo que os carros passam um pouco apressados, até que, de repente, somos atraídos pela cena de uma discussão entre dois homens que aos berros em árabe tentam ter razão; os dois acabam saindo de seus veículos, enquanto outras pessoas se metem e tentam apartar a briga no calor do momento. Os ânimos estão mesmo exaltados por causa da pequena colisão.

Olho para outro lado e vejo tapetes pendurados nos muros, como se ali fosse um ponto de tapetes voadores esperando que esses dois homens parem de discutir e subam neles, para sobrevoar a cidade e chegar mais rápido aos seus destinos, sem estorvo.
É como disse uma vez o poeta Ferreira Gullar e lhe dou razão: "Então, para que querer ter sempre razão? Não quero ter razão! Quero é ser feliz!"
Um dos digladiadores foi-se embora dali com sua moto e o outro continuou discutindo com quem tentava imobilizá-lo em nome da paz...


La Place des Ferblantiers




chá de menta, outras ervas e especiarias no caminho.

Escolha seu tapete voador...se quiser escapar do trânsito!





Entrada do Palácio Bahia

Finalmente chegamos ao Palácio Bahia e entramos através de um pátio com arcadas que nos leva a um pequeno riad, decorado com madeira de cedro esculpido, estuque e zellige.

Entrada para o Palácio Bahia




O pequeno riad dá acesso a três salões do Palácio.







O Palácio Bahia foi construído no séc. XIX e seu estilo é árabe-andaluz ou marroquino. O arquiteto El Mekki foi contratado para dirigir a construção por Si Musa, que foi um antigo escravo que ascendeu a camareiro-mor do sultão Mulai Hassan e depois veio a ser grão-vizir.
O filho de Si Mussa, chamado Ahmed ben Musa, viria a ser também grão-vizir como o pai e contratou outro arquiteto, Muhammad bin Makki para ampliar o palácio em 1894.



Salas ricamente decoradas com teto de madeira pintada e estuque; lareiras, pisos e paredes de zellij ou zellige (tipo de mosaico cerâmico constituído por um ladrilho de terracota com placas esmaltadas coladas em gesso; tipo de azulejo marroquino com padrões geométricos)








A arte marroquina, nas paredes e no teto



Após a morte do sultão, o grão-vizir Ahmed ben Musa se tornou o regente de facto (ou seja, na prática, não pela lei), até que o filho do sultão, Mulai Abdel Aziz, foi proclamado também sultão ao completar 14 anos.

No palácio funcionou o harém de Ahmed ben Musa, que tinha 4 esposas e 24 concubinas. O harém inclui um grande pátio, com um lago no meio e rodeado de muitos quartos destinados às concubinas.

                                         Aqui ficava o harém de Ahmed ben Musa



                                      O grande pátio do palácio original de Si Musa.

Uma das portas do pátio
                                                   




O Palácio Bahia conta com 150 quartos, muitos pátios e jardins. Quando Ahmed ben Musa, o grão-vizir que se tornou regente, morreu em 1900, todos os quartos do palácio foram saqueados por suas esposas, pelos escravos e dizem que até mesmo pelo sultão Mulai Abdel Aziz, que queria seu valioso mobiliário, decorações, jóias, títulos de propriedade e outros documentos.

Restaram somente a belíssima arquitetura e a decoração dos tetos e paredes para contar a história...


                                                 





Atravessemos o pátio, e vamos entrar em um grande riad que antigamente era o núcleo central do Palácio Bahía, com muitas árvores e uma bela arquitetura.



Entrando no grande Riad. Dois pontos de vista.













Ao sair do Palácio Bahia passamos pelo apartamento privado construído em 1898 para uma das esposas do sultão. Vemos teto de madeira pintada, estuque esculpido, janelas de vitral e muito zellige. Pura magia e beleza do Oriente.







                                                                 Pintura no teto do Palácio





A arte do Zellige, incríveis azulejos marroquinos
                                       


                                  Detalhes do estuque mourisco esculpido e madeira pintada


Ao olhar para cima, viajamos na pintura do teto
                                       

O Palácio Bahia está na posse do Ministério dos Assuntos Culturais do Governo de Marrocos e funciona como museu e centro cultural, além de servir também para recepções de dignitários estrangeiros, para exposições de arte e concertos, principalmente de música árabe-andaluza.
Observei que o palácio precisa de novas obras de restauro, para que realce ainda mais sua beleza.

O Palácio Bahia fica na Avenue Imam El Ghazali, e de segunda-feira a domingo, de 9hrs às 17hrs.



Vamos à próxima parada!


Quer passear nas ruas de Marrakech? Entre aqui!







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